Testemunhei em primeira mão muitas mulheres à minha volta fazendo malabarismo para lidar com as demandas do trabalho e da família durante um período extremamente estressante. Em alguns casos, elas foram obrigadas a abandonar o mercado de trabalho; em outros, tiveram de sacrificar suas ambições profissionais para atender às necessidades de suas famílias. Como uma pessoa que também tem enfrentado momentos igualmente difíceis, é doloroso ver tantas mulheres tendo de lutar para superar esses problemas.
Conforme nos aproximamos do momento de transição da covid-19, deixando de ser uma pandemia para tornar-se uma doença endêmica, retornar à vida que tínhamos antes da crise será algo desafiador. Mesmo conforme as economias do mundo todo comecem a atenuar as restrições e abrir suas fronteiras, as consequências da crise global continuam a pesar sobre as pessoas em todo lugar, especialmente entre as mulheres que foram desproporcionalmente afetadas nos dois últimos anos.
Neste Dia Internacional das Mulheres, líderes corporativos e da sociedade precisam comprometer mais esforços e recursos para ajudar as mulheres a reconquistar o progresso que perderam devido à pandemia – por exemplo, o número de mulheres na força de trabalho, que vinha crescendo antes da covid-19 e desabou em 2020.
Não só a participação feminina no mercado de trabalho global caiu durante a pandemia, mas trabalhadoras do sexo feminino também perderam bilhões em renda. Para ajudar a acelerar seus esforços de recuperação, precisamos apoiar as mulheres trabalhadoras com iniciativas que encorajem uma maior participação no mercado de trabalho, removendo, ao mesmo tempo, as barreiras que impedem suas ambições e seu crescimento profissional.
Com o tema #BreakTheBias, o Dia Internacional das Mulheres deste ano tem por objetivo celebrar as realizações das mulheres, chamando atenção para os vieses e promovendo ações que promovam maior igualdade. Ao eliminar o viés no local de trabalho e nas comunidades, oferecemos às mulheres e a todas as demais pessoas oportunidades iguais e mais controle sobre suas carreiras.
Redobrar nossos esforços neste momento é criticamente importante devido aos acontecimentos que testemunhamos nos dois últimos anos.
Primeiro, as indústrias mais afetadas pela crise global empregavam um número desproporcionalmente alto de trabalhadoras do sexo feminino — hospedagem, viagens, varejo, entre outras. Isso levou muitas mulheres a perderem seus empregos e sua renda. Depois, durante as restrições que levaram ao fechamento de escritórios, escolas, creches e muitas outras instituições, as mulheres assumiram fardos adicionais como provedoras de cuidados primários de saúde em casa. E então veio a Grande Onda de Demissões, durante a qual muitas mulheres foram forçadas a abandonar seus empregos porque precisavam cuidar de seus filhos e outros membros da família. Outras sofreram com esgotamento devido a responsabilidades maiores em casa e no local de trabalho. A CNBC reportou que as mulheres estavam se demitindo a uma taxa superior à dos homens.
como a Randstad lidera dando o exemplo
Para eliminar o viés que prejudica as carreiras das mulheres, as organizações precisam liderar dando o exemplo. Isso significa garantir que as mulheres tenham igualdade de oportunidades com relação aos homens para encontrar empregos e avançar em suas carreiras, usando métricas que possam ser facilmente monitoradas e gerem mudanças. Na Randstad, vivemos segundo esses princípios. Nós assinamos a Declaração do CEO de Apoio aos Princípios de Empoderamento das Mulheres da ONU e apoiamos várias iniciativas dedicadas a treinar, desenvolver e promover o avanço de funcionárias do sexo feminino.
Além disso, o programa Women In Randstad Empowering Development (WIRED – Desenvolvimento Empoderador das Mulheres na Randstad, em tradução livre) é um grupo de recursos corporativos disponíveis nos EUA que ajuda nossas funcionárias do sexo feminino a avançar em suas carreiras. E, no Dia Internacional das Mulheres, lançaremos uma versão global do grupo para ajudar as mulheres a alcançar seus objetivos profissionais a partir de interações sociais e oportunidades de desenvolvimento.
Em Singapura, a Randstad é uma parceira corporativa da Daughters of Tomorrow (Filhas do Amanhã, em tradução livre), que oferece oportunidades para mulheres excluídas, dá apoio para que obtenham independência financeira e promove mobilidade social para suas famílias. Ao oferecer um conjunto de opções de suporte e treinamento, podemos ajudar muitas delas a realizar suas ambições.
Nosso compromisso de empoderar trabalhadoras do sexo feminino tem gerado uma maior paridade na nossa organização. Por exemplo, em 2021, 50% dos membros da administração sênior eram do sexo feminino.
quatro maneiras de eliminar a barreira
Sabemos que muitos esforços ainda são necessários para eliminar as barreiras que impedem que as mulheres realizem todo o seu potencial e sejam elas mesmas no local de trabalho. Para acelerar esse progresso, acreditamos que há quatro pontos nas quais todos os empregadores precisam investir pesadamente.
1. Oferecer às mulheres melhores insights sobre carreira.
Primeiro, vamos colocar todo o universo de dados a serviço de talentos e empregadoras do sexo feminino. Precisamos monitorar mais estreitamente a trajetória de suas carreiras, identificar suas necessidades de formação para que possam progredir e recomendar o conteúdo de treinamento apropriado. Mas a utilidade dos dados não se limita ao desenvolvimento da carreira entre as mulheres; eles também podem ser usados para identificar vieses no processo de recrutamento, desigualdades salariais e tendências na área de contratação.
2. Prover mais formação para oferecer oportunidades melhores na carreira.
Podemos acelerar o treinamento e o desenvolvimento das mulheres com ações mais ágeis e “microlearning”. Para mulheres que precisam de horários flexíveis, a capacidade de aprender em pequenos blocos e no ritmo que elas precisam oferece enormes vantagens com relação às tradicionais abordagens de formação. Para além das habilidades técnicas, as organizações precisam focar em ajudar as mulheres a desenvolver as habilidades interpessoais críticas para que se tornem boas gestoras e excelentes líderes. Na Randstad, oferecemos treinamento para mulheres em todos os estágios de suas carreiras, de cursos de línguas a oficinas para o desenvolvimento de lideranças.
3. Igualar as condições para todos os talentos.
Nos últimos anos, mais empresas têm usado a inteligência artificial (IA) para minimizar vieses explícitos e inconscientes durante o processo de recrutamento, e a indústria está refinando continuamente o uso dessa tecnologia para gerar melhores resultados em suas contratações. É preciso considerar o uso de pontuações automatizadas para entrevistas e processamento em linguagem neutra para que as decisões sejam tomadas sem levar em conta gênero, antecedentes ou outros traços não associados às habilidades requeridas de um(a) candidato(a).
4. Usar ferramentas para garantir que as mulheres sejam ouvidas.
Finalmente, podemos dar às mulheres uma voz mais influente por meio de pesquisas e plataformas de engajamento. Uma das maneiras mais eficazes que a Randstad encontrou para manter nossa força de trabalho engajada e satisfeita é a partir de pesquisas regulares. No auge do lockdown, realizamos pesquisas semanais com nossos funcionários para nos certificar de que eles/elas se sentissem apoiados e que contavam com os recursos necessários para operar de forma virtual. Graças a esse feedback, efetuamos mudanças no nosso programa de assistência aos funcionários para lidar com questões que algumas das nossas colegas do sexo feminino expressaram. Todas as organizações podem se beneficiar de avaliações regulares sobre o bem-estar da sua força de trabalho.
Como eu posso contribuir para #EliminarOViés em conformidade com o Dia Internacional das Mulheres deste ano? Para todos nós, incluindo as mulheres, é mais importante do que nunca, superar os estereótipos associados ao que nossas colegas do sexo feminino podem realizar, especialmente para os pais e as mães que trabalham e enfrentam muitas demandas. Como líder organizacional, vou reconsiderar as competências e a dedicação dos meus colegas de trabalho sob uma perspectiva revigorada e deixar de lado as noções preconcebidas e não associadas a seus compromissos e objetivos profissionais. E planejo encorajar todas as pessoas à minha volta a fazerem o mesmo.
Há muitas maneiras a partir das quais podemos ajudar mulheres trabalhadoras cujas vidas e carreiras têm sido afetadas pela covid-19. No Dia Internacional das Mulheres deste ano, vamos agilizar essas soluções. Temo que possamos perder trabalhadoras se deixarmos de adotar as medidas necessárias. Mas se formos proativos, poderemos recuperar novamente o progresso contínuo que as mulheres vinham alcançando até a pandemia.