Os profissionais de RH brasileiros estão mais abertos a adotar novas tecnologias no recrutamento, em comparação com outros países, segundo uma pesquisa da empresa de seleção Randstad. O uso de dados preditivos para identificar os melhores candidatos é a ferramenta que mais recebe investimento.
O levantamento contou com 800 executivos de negócios e da área de recursos humanos de 17 países, entre eles o Brasil. Globalmente, o uso da análise de dados na estratégia de talentos foi considerada fundamental na atração de candidatos e na retenção de funcionários pela maioria dos empregadores (76%), o maior número até agora. No Brasil, ainda mais executivos concordam (86%)
Jorge Vazquez, presidente da Randstad no Brasil, diz que as respostas refletem o interesse das empresas em entenderem melhor o perfil comportamental que se encaixa nas funções e na empresa, seja para atrair o candidato com maior chance de ter sucesso na vaga, na hora de promover ou para mover profissionais internamente. “O uso de analytics hoje em dia, pela quantidade de dados captados, é apenas a ponta do iceberg”, diz Vazquez.
Para 90% dos brasileiros, na comparação com 70% da média global, a tecnologia já ajuda a tomar decisões mais inteligentes na hora de contratar. Também a grande maioria (90%) dos executivos locais afirma que o uso de dados preditivos é a tecnologia que mais recebe investimentos atualmente. Globalmente, são 59%. “O apetite por tecnologia no Brasil é grande”, explica Vazquez.
O momento do mercado de trabalho local também gera peculiaridades que exigem que os recrutadores apostem em ferramentas que auxiliam o trabalho. É o caso da combinação entre desemprego alto com áreas em que há escassez de talentos, bem como a necessidade de atingir grandes quantidades de profissionais espalhados pelo país.
Testes e jogos aplicados no processo de seleção, por exemplo, podem ajudar a identificar as chamadas ‘soft skills’, habilidades comportamentais procuradas pelos empregadores, e a comunicar melhor aos candidatos como é trabalhar em uma empresa. “As tecnologias permitem entender competências menos técnicas, e a compreender a pessoa além do currículo”, diz Vazquez. Ainda assim, a preocupação que a tecnologia deixa o processo de recrutamento mais impessoal é compartilhada por mais da metade dos executivos globalmente (51%) e no Brasil (59%), segundo a pesquisa.
Na comparação com os investimentos no processo de recrutamento, o que tem ficado para trás são os treinamentos internos – tanto na média global quanto no Brasil, só 10% planejam oferecer programas desse tipo com a intenção de responder aos principais desafios de negócios atualmente. “Os ciclos econômicos estão cada vez mais curts, e as empresas precisam trabalhar constantemente para a inovação. Isso traz a demanda de talentos diferentes mas cria uma necessidade urgente de as empresas adaptarem os processos de treinamento a essas realidades”, diz Vazquez.