Um comentário de gosto duvidoso na internet e... Boom! Lá se vai um emprego ou uma possível promoção no cargo. Não são poucos os executivos e profissionais que parecem se esquecer que vida pessoal, trabalho e internet já estão conectados. E o que não faltam são exemplos.
Nesta segunda (7), o governo de Pernambuco anunciou dez dias de suspensão para o delegado Jorge Ferreira devido a um comentário sobre a vereadora Marielle Franco, executada em março do ano passado. Sem provas, o delegado comentou no Facebook que Marielle era ligada ao narcotráfico. A informação de que a parlamentar trabalhava com traficantes já foi desmentida. "Já foi tarde", escreveu ele na postagem que custou a suspensão.
A cautela não é à toa. Pesquisa da Randstad, consultoria global em RH, mostra que 86% dos profissionais estão conectados com os amigos do escritório em plataformas como Facebook e Instagram.
"A forma como nos comportamos deve ser a mesma tanto online como 'offline'. Os dois espaços são vida real e a construção de nosso perfil pessoal e profissional estão em ambos. Portanto, é preciso responsabilidade e equilíbrio", explica Jaqueline Angelotti, orientadora profissional.
Falando assim parece simples, mas podemos destilar preconceitos ou comentários de mau gosto dependendo do sentimento que bateu na hora de clicar em "publicar". Pode ser raiva, tristeza ou até mesmo o que pode ser interpretado como "descontração".
"Vimos diversos casos em 2018, por exemplo, em que pessoas foram demitidas por consequência do que postaram nas redes, como foi o caso do profissional demitido após vídeo de assédio sexual na Copa do Mundo", relembra Juliana Palermo, gerente de marketing e especialista em marketing pessoal da Randstad.
No ano passado, Felipe Wilson, envolvido em um vídeo machista com uma mulher russa, foi demitido da companhia aérea em que trabalhava após a repercussão negativa das imagens na rede.
Outro caso emblemático foi a demissão de James Gunn, diretor da série de filmes "Guardiões da Galáxia". Internautas encontraram publicações antigas de Gunn, no qual o cineasta faz piadas relacionadas à pedofilia. A Disney, dona da Marvel e responsável pela franquia de filmes, pediu a demissão do diretor. "Tenha em mente que aquelas informações ficam gravadas para sempre, por mais que você as delete depois", conclui Angelotti.
*Fontes: Jaqueline Angelotti, orientadora profissional da ESEG - Escola Superior de Engenharia e Gestão, tem formação como psicopedagoga e coach de carreiras, além de experiência nas áreas de recrutamento e RH; Juliana Palermo, gerente de marketing e especialista em marketing pessoal da Randstad, consultoria internacional na área de Recursos Humanos.