Sete em cada dez brasileiros gostariam de trabalhar de casa; o que parece ser uma boa ideia: o paulistano passa, anualmente, o equivalente a um mês e meio parado no trânsito. Tempo que poderia ser gasto em diversas outras coisas, incluindo o próprio trabalho. Entender as novas dinâmicas que a tecnologia traz na atividade profissional nos ajuda em novos insights sobre os empregos do futuro; debate que mostra-se cada vez mais necessário.


Um escritório literalmente ao lado, sem trânsito e filas, além de mais tempo com a família: assim funciona o trabalho remoto. Tentador, não? Com o avanço das possibilidades tecnológicas, o home office torna-se uma opção cada vez mais comum em empresas brasileiras, especialmente nas de pequeno e médio porte.


De acordo com a pesquisa realizada pela consultoria de recursos humanos Randstad, sete em cada dez brasileiros gostariam de trabalhar em casa ou outro lugar, porém não encontram essa possibilidade em seus empregos atuais. Além disso, 45% dos participantes brasileiros do mesmo estudo concordam que o modelo de trabalho clássico está tornando-se mais flexível.


Fundador da Dienekes, Renato Oliveira comanda a empresa especializada em consultorias de e-commerce e adotou o trabalho remoto como uma de suas principais dinâmicas. “É mais fácil contratar. No processo de recrutamento, temos acesso a muito mais candidatos para uma vaga remota do que para uma vaga presencial”. Além disso, o modelo de trabalho a distância atrai colaboradores mais diversos: “Grandes empresas, em geral, não permitem trabalho remoto. Isso acaba sendo um diferencial para a nossa startup conseguir competir por talentos “, completa.


Anteriormente, Renato comandou a SkyHub, também especializada no ramo digital. Após sua venda para a B2W (grupo que comanda marketplaces como Submarino e Lojas Americanas), Dienekes surgiu como um novo empreendimento visando integrar talentos de diferentes regiões - e áreas - a fim de proporcionar uma consultoria completa para lojistas virtuais, especialmente nas plataformas Magento e Shopify. O modo de trabalho online foi um caminho natural, visto que seria contraditório uma empresa voltada para o universo online possuir fronteiras físicas.


Segundo um estudo realizado pelo Ibope em 2016, em um ano, o paulistano passa o tempo equivalente a um mês e meio parado no trânsito. Em 2015, a média diária chegou a alarmantes 2h58. Sem dúvidas, horas preciosas para quem possui metas a serem cumpridas e demais compromissos diários. Em empresas como Dienekes, todo o trabalho é organizado e compartilhado através de calls, reuniões via Hangouts e aplicativos de mensagens voltados à sistematização de informações. E tem funcionado.


Porém, nem tudo são flores. Trabalhar remotamente requer organização, disciplina e sintonia para que o aporte tecnológico não se torne um empecilho. E acima de tudo, competência: “A única forma que temos para avaliar o desempenho de um associado que está trabalhando remotamente é através da entrega de resultado”, Renato pondera. “No trabalho remoto, ou entrega resultados, ou não continua”.


Tão diversas quanto as possibilidades online, o trabalho a distância também oferece diferentes perspectivas, boas e ruins. Cabe a cada um definir qual processo é mais produtivo; porém, é inegável o destaque do home office como fator democratizador da atividade profissional. Na Dienekes, há profissionais atuando tanto do interior do Pará quanto da engarrafada capital paulista graças à tecnologia. O trabalho remoto leva oportunidades a regiões antes esquecidas. Renato conclui: “Sou de uma cidade pequena do sertão de Pernambuco, e vi de perto o que é viver sem uma perspectiva profissional. [...] Um dos meus objetivos é mostrar que, com dedicação e esforço, um jovem de uma cidade como a minha pode ganhar o mesmo que um desenvolvedor que mora em São Paulo”. E assim, à distância, o home office cria uma nova geração de jovens dispostos a conquistar cidades grandes.

Website: http://dienekes.com.br

 

Fonte : InfoMoney - 13/02/19