subir a escada corporativa ainda é algo importante? como os talentos estão redefinindo o conceito de ambição

Para muitos, especialmente as gerações mais jovens, que priorizam cada vez mais o equilíbrio, a conexão e o crescimento, a ambição não significa apenas subir de cargo.

A ambição sempre foi reconhecida como um fator importante que impulsiona o sucesso, despertando a paixão pelo trabalho, promovendo a inovação e fomentando o crescimento pessoal. No entanto, à medida que o mercado de trabalho muda, nossa compreensão do conceito de ambição também evolui e passa a considerar outros valores que vão além das noções tradicionais de desempenho e realização.

A pandemia despertou essa transformação, fazendo com que profissionais em todo o mundo reavaliassem suas prioridades. O nosso estudo Workmonitor 2024, que aborda em detalhes os sentimentos dos talentos ao redor do mundo, destaca essa grande mudança: para muitos, a ambição agora abrange mais do que subir de cargo, especialmente entre as gerações mais jovens que priorizam cada vez mais equilíbrio, conexão e crescimento. Mais da metade (51%) diz estar satisfeita em permanecer em uma função de que gosta, mesmo que não tenha oportunidades de crescimento vertical na carreira. Além disso, para muitos, ao considerar mudar de função ou emprego, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional é mais importante do que a possibilidade de receber um salário maior.

Os talentos estão repensando o significado de ‘ambição’, que vai além de simplesmente avançar na carreira, e engloba uma preferência por empregadores que priorizam o bem-estar, oferecem oportunidades de desenvolvimento e promovem uma cultura de trabalho inclusiva.

a busca contínua por equilíbrio entre vida profissional e pessoal

Profissionais ao redor do mundo sempre desejaram um equilíbrio saudável entre o trabalho e a vida pessoal, mas a pandemia escancarou esse desejo para muitas pessoas e acabou tornando esse equilíbrio mais tangível. Nosso estudo  constatou que as pessoas ainda valorizam muito os empregadores que oferecem equilíbrio e flexibilidade no trabalho, priorizam a diversidade, a equidade e a inclusão, e promovem oportunidades de qualificação e crescimento. Uma indicação disso é que um número considerável de pessoas afirmou que desistiria de um emprego ou recusaria uma oferta de trabalho de uma empresa que não atendesse a pelo menos algumas dessas expectativas.

Cerca de um terço dos entrevistados disse que pediu demissão porque o emprego não se encaixava em sua vida pessoal, mas esse número saltou para 41% entre a Geração Z e 37% entre os Millennials. Cinquenta e sete por cento de todos os profissionais entrevistados nem sequer aceitariam um emprego que afetasse negativamente o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Entre os mais jovens, esse percentual foi de 59% para a Geração Z e chegou a 61% entre os Millennials.

As gerações mais jovens são, muitas vezes, criticadas por serem menos ambiciosas do que as que vieram antes delas. Contudo, são mais ambiciosas à sua maneira. A maioria dos entrevistados da Geração Z (58%) afirmou que não aceitaria um emprego que não tivesse oportunidades de progressão na carreira – a porcentagem mais alta entre todas as gerações. Os Millennials vieram em seguida, com 50%. Em comparação com a Geração X e os Baby Boomers, a Geração Z e os Millennials também foram muito mais propensos a dizer que a progressão é uma prioridade. Assim, embora o equilíbrio e um trabalho relevante sejam importantes para os profissionais mais jovens, crescer e se desenvolver também contribuem para a felicidade dessas gerações.

buscando a ambição de uma forma diferente

Considerando o atual cenário em que os profissionais estão repensando o que significa ter ambição, como as empresas podem ajudar esses profissionais a alcançar seus desejos e metas, tornando essas pessoas mais engajadas e produtivas? Na minha opinião, os empregadores precisam saber o que motiva cada um e a melhor forma de apoiar os colaboradores nessa jornada. Isso significa priorizar não apenas as métricas de desempenho, mas também o bem-estar, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional e as oportunidades de crescimento pessoal e profissional, garantindo que o trabalho complemente a vida dos talentos e crie significado em tudo o que fazem.

Como as empresas podem fazer isso? Conforme abordado em nosso estudo  Workmonitor 2024, concentrar-se nos novos princípios da gestão de talentos — ambição, equilíbrio e conexão — pode ser uma boa ideia para impulsionar seus colaboradores. Ao empoderar as pessoas com um trabalho relevante, o equilíbrio sensato entre vida pessoal e profissional e um bom relacionamento entre os colegas de trabalho, a produtividade e a satisfação certamente virão.

• ambição: a ambição assume muitas formas e, para apoiar seus colaboradores nesse quesito, conscientize os profissionais para ampliarem o significado de seus trabalhos, o que, por sua vez, aumenta o senso de valor, zelo e segurança. As pessoas conseguem ser mais criativas para solucionar problemas e se sentem mais envolvidas na solução quando encorajadas a praticar mindfulness, que significa ter mais sintonia consigo mesmo e com seu ambiente de trabalho.
• equilíbrio: promover um equilíbrio saudável entre o tempo dedicado ao trabalho e à vida pessoal também deve ser uma prioridade para os empregadores. Não é possível ter ambição quando se está exausto e esgotado. A maioria (93%) dos colaboradores entrevistados afirmou que o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal é importante em seu emprego atual e nas oportunidades de carreira futuras, e 83% dão a mesma importância à oferta de apoio à saúde mental por parte da empresa. Esses dados devem encorajar os líderes a avaliarem regularmente se seus colaboradores estão conseguindo equilibrar as demandas do trabalho e da vida pessoal, incentivando medidas para ajudar aqueles que não estão conseguindo.
• conexão: promover conexões no ambiente de trabalho é essencial para criar um sentimento de pertencimento. Para muitas pessoas, o local de trabalho não é apenas um lugar para realizar suas funções e tarefas, mas um centro de interação profissional e pessoal. É por isso que a maioria dos profissionais, especialmente os mais jovens, prefere um esquema híbrido ao totalmente remoto, pois há uma sensação de conexão e aprendizado quando o encontro presencial é viabilizado. Quando as pessoas são mais conscientes de seus colegas de trabalho, elas fortalecem a conexão e a coesão, elementos de extrema importância para o desempenho organizacional.

Motivar as pessoas a trazerem o seu melhor para o trabalho todos os dias e a estarem plenas é uma das missões mais difíceis que as empresas enfrentam. Mas repensar a ambição na carreira não é rebaixar padrões ou se contentar com menos. Trata-se de adotar uma definição mais ampla de sucesso, que prioriza equilíbrio, conexão e crescimento pessoal, além da realização profissional. Ao considerar essa nova definição, as empresas podem despertar  o potencial de seus colaboradores e criar ambientes onde todos consigam progredir.