Inúmeros fatores exercem influência sobre o bem-estar financeiro, social, mental e físico dos colaboradores. Desde os estresses e responsabilidades pessoais dentro do ambiente de trabalho até preocupações de escala global, como o aumento dos custos, a iminência de uma recessão e os tumultos geopolíticos, todos esses elementos afetam diretamente o bem-estar geral dos colaboradores.
Enquanto muitos empregadores veem o bem-estar do colaborador como uma questão pessoal, o fato é que isso tem um impacto direto nos resultados da empresa, que faz com que isso seja uma questão que os empregadores devem priorizar. Claro, os colaboradores devem assumir a responsabilidade do seu próprio bem-estar, mas as empresas podem e devem fornecer instrumentos que seus funcionários possam usar para fazê-lo. Programas e iniciativas de bem-estar no trabalho proporcionam tais ferramentas.
Este traz dicas e melhores práticas para a construção de programas de bem-estar no trabalho.
dicas para construir um programa de bem-estar no trabalho
Há vários fatores pelos quais você deve considerar ao desenvolver um programa eficaz de bem-estar no trabalho. Veja a seguir:
Construa flexibilidade no ambiente de trabalho
A capacidade de manter um equilíbrio trabalho-vida pessoal é fundamental para os trabalhadores hoje em dia. Nosso estudo Marca Empregadora 2023, mostra que os trabalhadores de todo o mundo consideram o equilíbrio entre vida pessoal e profissional quase tão importante quanto os salários e os benefícios.
Alguns empregadores, especialmente aqueles em setores executivos, podem auxiliar seus colaboradores a manter saudável o equilíbrio trabalho-vida pessoal, ao oferecer horários de trabalho flexíveis, opções de trabalho remoto ou até mesmo, soluções ilimitadas de folgas remuneradas.
Para muitos trabalhadores, especialmente na indústria e logística, a flexibilidade não é algo tão simples. Esses setores exigem que os colaboradores trabalhem em turnos específicos para garantir o funcionamento sem interrupções. No entanto, isso não significa que a flexibilidade seja impossível nessas áreas. Opções como semanas de trabalho de quatro dias, trocas de turno e horários de início flexíveis podem proporcionar aos colaboradores a flexibilidade que desejam sem comprometer a produção.
Além disso, as folgas remuneradas são outros benefícios que podem auxiliar os colaboradores a manter um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal. É claro que oferecer esse benefício pode apresentar desafios para os empregadores, especialmente aqueles que dependem da cobertura de todos os turnos. Estratégias como treinamento cruzado e requalificação podem ajudar a preencher lacunas quando os colaboradores estão de folga.
O objetivo dos programas de bem-estar que promovem um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal é fornecer aos colaboradores o tempo necessário para cuidar de suas responsabilidades pessoais, seja participando de compromissos escolares ou médicos, ou simplesmente tirando férias. Mantenha isso em mente ao desenvolver seus programas de bem-estar.
Crie uma cultura de trabalho solidária
Criar um programa efetivo de bem-estar no trabalho pode demandar uma mudança completa da mentalidade tradicional, onde espera-se que os colaboradores tomem conta de seu bem-estar. Ao invés disso, as empresas devem entender o papel em que as organizações atuam, ao assegurar que seus colaboradores tenham os instrumentos que precisam para tomar conta de seu bem-estar.
Isso significa criar uma cultura no ambiente de trabalho que priorize o bem-estar e motive seus colaboradores a buscar apoio e serviços quando necessitados. Componentes de uma cultura de trabalho solidária incluem:
- Desenvolvimento de carreira: em momentos quando os colaboradores têm preocupações sobre a segurança no emprego, oferecer oportunidades de desenvolvimento de carreira é mais importante do que nunca. Considere várias opções de treinamento, tais como, oportunidades de upskilling (aprimoramento de habilidades) e reskilling (requalificação), mentorias e programas de aprendizado, treinamento interno e reembolso de mensalidades educacionais.
- Comunicação aberta: manter a comunicação aberta com seus trabalhadores não somente pode construir a confiança, mas também promover uma cultura de trabalho solidária. Pense em conduzir reuniões mensais para discutir metas, sucessos e desafios e motivar os colaboradores a compartilhar feedbacks sinceros.
- Cultura inclusiva: construir uma cultura no local de trabalho que priorize a diversidade e promova a colaboração em todos os níveis pode criar um ambiente onde os trabalhadores se sintam seguros e valorizados. Pense em investir em treinamento de diversidade, convidar palestrantes culturais para a próxima reunião mensal ou organizar eventos de formação de equipes, como, por exemplo, competições amistosas, sessões de brainstorming, ou atividades no local de trabalho.
- Liderança forte: os líderes devem dar o primeiro passo com o uso de serviços disponíveis. Por exemplo, se a empresa decide montar uma academia de ginástica na empresa para os colaboradores, a gestão pode incentivá-los ao usá-la também.
- Ambiente de trabalho seguro: uma cultura solidária no ambiente de trabalho é ainda mais importante quando se investe em programas de bem-estar mental. É importante para os trabalhadores se sentirem seguros em usar estes programas sem o risco da retaliação. Caso seus colaboradores se sintam envergonhados por necessitarem de apoio com saúde mental, eles podem nunca se sentir suficientemente seguros em usar os programas que você oferece.
Reconhecimento a colaboradores: considerando a conexão entre reconhecimento e bem-estar dos colaboradores no local de trabalho, as empresas devem dar um passo adiante para coordenar estes dois programas. A boa notícia é que quando o reconhecimento de colaboradores e os programas de bem-estar no local de trabalho caminham juntos, ajudam a reduzir o burnout, aumentar o engajamento de colaboradores e auxiliar seus funcionários a fortalecer relações tanto no trabalho, como em suas vidas pessoais.
Desenvolva um programa de bem-estar abrangente.
O bem-estar vai além de simplesmente manter-se fisicamente ativo, comer corretamente e fazer consultas médicas regularmente. Não se resume apenas em estar constantemente feliz ou cercado por um grande número de amigos. Pelo contrário, o bem-estar abrange a pessoa como um todo. Trata-se de garantir que seus colaboradores tenham as ferramentas necessárias para promover seu bem-estar físico, mental, emocional, social e financeiro.
Para garantir que seus colaboradores estejam cuidando de seu bem-estar de maneira completa, é crucial criar programas de bem-estar que vão além do básico. Para obter os melhores resultados, é essencial desenvolver um programa abrangente que inclua uma variedade de iniciativas, tais como:
Bem-estar físico
Tanto funções operacionais, quanto administrativas, podem impactar o bem-estar físico dos colaboradores.
Os trabalhadores operacionais muitas vezes enfrentam longas jornadas, passando longos períodos realizando atividades manuais ou tarefas repetitivas. Esse tipo de trabalho pode sobrecarregar o corpo e levar a uma série de problemas de saúde, incluindo dores nas costas, musculares, dores de cabeça, desconforto nas articulações, depressão e fadiga.
Por outro lado, os colaboradores administrativos geralmente passam horas trabalhando em suas mesas, interagindo com clientes ou participando de reuniões. Embora esse tipo de trabalho possa não ser fisicamente exigente, pode causar danos ao corpo. De fato, a inatividade prolongada pode resultar em dores nas costas, obesidade e diabetes. Além disso, os colaboradores que passam muitas horas em frente aos computadores e dispositivos móveis podem enfrentar dores de cabeça e fadiga visual.
Tanto os colaboradores administrativos quanto os operacionais podem se beneficiar de programas de bem-estar no local de trabalho, que podem incluir:
- Motivar pausas/intervalos frequentes
- Oferecer refeições nutritivas e opções de lanche
- Sala de condicionamento físico dentro da empresa ou mensalidades de academia
- Clubes de caminhadas
- Clínicas de saúde dentro da empresa
Tanto os colaboradores administrativos quanto os operacionais enfrentam riscos à saúde devido à natureza de suas funções, porém, estudos indicam que os operários são menos propensos a utilizar os programas de bem-estar no trabalho disponíveis. Cabe aos líderes da organização estabelecer o exemplo e motivar os funcionários a aproveitarem ao máximo esses programas.
Bem-estar mental
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os trabalhadores perdem coletivamente 12 bilhões de dias de trabalho por ano devido a problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, o que custa aos empregadores globalmente cerca de US$1 trilhão anualmente.
Infelizmente, ainda persiste um estigma em torno da saúde mental, o que impede muitos trabalhadores de procurarem os cuidados necessários para promover seu bem-estar mental. Isso não só resulta em níveis mais altos de absenteísmo e impacta a produtividade, mas também pode criar um ambiente de trabalho tóxico. Quando os colaboradores não conseguem lidar efetivamente com questões de saúde mental, isso pode levar a níveis mais elevados de ansiedade, depressão e, em alguns casos, comportamentos agressivos, afetando todos os colaboradores.
Os empregadores podem desempenhar um papel significativo na quebra desse estigma, fornecendo recursos e apoio para a saúde mental no local de trabalho. Isso pode incluir serviços de aconselhamento por telessaúde, recursos educacionais, ferramentas de gestão do estresse e seminários internos.
Além disso, o treinamento para gestores é fundamental. Auxiliar a equipe de liderança a entender melhor a saúde mental e como isso pode afetar os colaboradores pode ajudar a combater o estigma em torno das doenças mentais. Gestores treinados também podem ser mais empáticos ao conceder folgas para os funcionários procurarem tratamento de saúde mental ou ao identificar problemas no ambiente de trabalho que possam levar a comportamentos prejudiciais.
Segurança no emprego
As empresas desempenham um papel crucial na promoção do bem-estar mental de seus colaboradores, e uma maneira de fazer isso é eliminando alguns dos fatores que podem afetá-lo negativamente. Um desses fatores é a insegurança no emprego, uma preocupação crescente entre os trabalhadores atualmente.
Durante a pandemia, os trabalhadores ao redor do mundo enfrentaram demissões em larga escala, fechamentos de empresas e redução de horas de trabalho. Embora as taxas de desemprego estejam gradualmente diminuindo, muitos trabalhadores ainda estão apreensivos quanto à segurança de seus empregos devido ao clima econômico incerto.
De acordo com nosso estudo Marca Empregadora 2023, a insegurança no emprego foi classificada como o terceiro fator mais importante para os trabalhadores ao procurar emprego. Priorizar programas como desenvolvimento de carreira, aprimoramento de habilidades (upskilling) e requalificação profissional (reskilling) pode ajudar os colaboradores a crescerem dentro da empresa, desenvolvendo as habilidades necessárias para se adaptarem às demandas do futuro. Essas iniciativas não só fornecem aos trabalhadores um senso de segurança e estabilidade, mas também os capacitam a enfrentar os desafios do mercado de trabalho em constante evolução.
Ambiente saudável no local de trabalho
De acordo com a Associação Americana de Psicologia, 22% dos trabalhadores acreditam que seus ambientes de trabalho ruins contribuem para seus problemas de saúde mental. É verdade que ambientes de trabalho tóxicos podem levar a estresse, ansiedade e depressão entre seus colaboradores. Além disso, nossas pesquisas mostram que um local de trabalho agradável é tão importante para trabalhadores da América Latina que este está classificado como o segundo indicador principal quando procuram emprego, ficando atrás do salário.
Estabilidade financeira
Com o aumento dos custos e as preocupações com a recessão, o bem-estar financeiro tornou-se uma prioridade ainda maior para os trabalhadores de hoje. Oferecer salários competitivos é fundamental para demonstrar aos colaboradores que você valoriza o trabalho deles e contribui para a construção de estabilidade financeira.
No entanto, nossa pesquisa revela que os trabalhadores também estão buscando apoio financeiro que vá além dos salários padrão, como benefícios relacionados ao custo de vida, assistência para creche e outras formas de auxílio. Além disso, os empregadores podem complementar esse apoio monetário oferecendo programas abrangentes de bem-estar financeiro.
Esses programas podem incluir ferramentas de planejamento orçamentário, recursos digitais para educação financeira e palestras com consultores financeiros. Esses consultores podem ajudar os colaboradores a estabelecer metas financeiras claras, a desenvolver estratégias de gerenciamento financeiro e a planejar para a aposentadoria. Ao fornecer esse suporte abrangente, os empregadores não apenas ajudam os colaboradores a enfrentar os desafios financeiros do presente, mas também os capacitam a construir um futuro financeiramente estável e próspero.
baixe nosso guia para mais dicas sobre como montar uma estratégia de bem-estar no trabalho efetiva
baixe o guiaPrograma de bem-estar para colaboradores: melhores práticas
Estudos mostram que 80% dos empregadores consideram o bem-estar no trabalho como sua principal prioridade. No entanto, um cenário preocupante emerge quando constatamos que 90% dos colaboradores afirmam que sua qualidade de vida no ambiente profissional piorou no mesmo período. Diante dessa discrepância alarmante, é crucial adotar um conjunto de melhores práticas para garantir que seu programa de bem-estar para os colaboradores não seja comprometido.
Avalie o atual estado de bem-estar de seus colaboradores
Compreender o panorama do bem-estar no mercado é um passo crucial. Isso pode ajudá-lo a identificar possíveis problemas e tendências emergentes. No entanto, entender as necessidades e preocupações específicas de seus colaboradores é igualmente essencial.
Antes de sua organização investir em iniciativas de bem-estar, é fundamental avaliar o estado de bem-estar de seus colaboradores. Reserve um tempo para realizar pesquisas, entrevistas individuais e análises de saída para compreender melhor as preocupações que afetam seus funcionários. Essa avaliação minuciosa pode ajudá-lo a determinar quais tipos de programas e iniciativas de bem-estar são mais necessários e eficazes para atender às necessidades de sua equipe.
Construa um programa fácil de usar
Pesquisas revelam que 68% dos colaboradores admitem não aproveitar totalmente os programas de bem-estar e os serviços oferecidos por seus empregadores. Alguns argumentam que essas iniciativas são complexas demais, consomem tempo e são inconvenientes. Essa situação pode representar um problema real. A última coisa que você deseja é investir em programas de bem-estar que os trabalhadores não utilizem.
Existem várias medidas que você pode adotar para criar um programa de bem-estar simples e de fácil utilização, tais como:
- Comunicação transparente: quando apresentar novos benefícios e gratificações, uma comunicação bem clara é essencial. Seus colaboradores devem entender completamente os serviços disponíveis, sua importância e como acessá-los.
- Consistência: oferecer programas e não concluí-los ou cancelá-los com pouco ou nenhum aviso pode causar mais prejuízo do que benefício. Por exemplo, se você implementar um novo ‘clube de caminhadas’ na hora do almoço, mas frequentemente cancelar devido a outras obrigações, isso pode frustrar seus colaboradores.
- Ferramentas digitais: atualmente, há uma ampla gama de ferramentas digitais disponíveis, como plataformas de recompensas e reconhecimento de funcionários, que podem ajudar seus colaboradores a gerenciar seus benefícios e gratificações. Isso lhes dá acesso à informação de que precisam, tanto no trabalho quanto em casa.
Garanta a aprovação dos líderes da organização
Garantir o sucesso das estratégias de bem-estar no local de trabalho requer o apoio das partes interessadas em todos os níveis da empresa, incluindo a Presidência e a Diretoria. É crucial ajudar os líderes a entender o impacto que os programas de bem-estar laboral podem ter na retenção de talentos, na produtividade, no ambiente de trabalho e nos lucros, a fim de garantir seu apoio contínuo.
Invista em treinamento gerencial
Como mencionado anteriormente, os programas de bem-estar não são exclusivamente uma responsabilidade do departamento de Recursos Humanos; são uma iniciativa corporativa abrangente. Para garantir a implementação adequada do programa de bem-estar, é importante que os líderes, incluindo aqueles que trabalham diretamente com os colaboradores, tenham uma compreensão clara de como os programas e iniciativas de bem-estar funcionam.
Isso muitas vezes requer investimento em treinamento para supervisores e gestores. A gestão em todos os níveis da empresa deve entender os elementos do programa de bem-estar dos colaboradores e seus principais objetivos. Esse treinamento pode garantir que a equipe gerencial motive os trabalhadores a utilizar os serviços disponíveis para eles.